Por: Murilo Carneiro

É importante lembrar que, para que sejam mais eficazes, ou seja, consigam atingir seus objetivos financeiros, as pessoas devem cuidar de suas finanças com o devido profissionalismo, como se fossem uma empresa. Não é por acaso que uma conhecida revista, publicada pela Editora Abril, que trata de temas ligados à gestão da vida pessoal e profissional, tem o nome sugestivo de “Você S/A”.

Diante dessa afirmação, sugere-se que as pessoas adotem ferramentas de gestão utilizadas pelas empresas, como, por exemplo, o orçamento e o planejamento tributário. No livro que eu e os professores Rodrigo Forcenette e Sérgio Ignácio da Silva escrevemos sobre Planejamento Tributário para Pessoas Físicas, constatamos que, caso o orçamento seja adotado pelas pessoas, haverá, automaticamente, reduções nas despesas com diversos tributos, tais como o IPTU e IPVA.

Caso as pessoas, que são assalariadas, tivessem conseguido investir parte do seu décimo terceiro em uma aplicação financeira, poderiam pagar agora, em janeiro, o IPTU e o IPVA, à vista, com desconto, ou seja, pagariam um montante menor desses tributos, de forma lícita. Enquanto isso, o dinheiro investido teria rendido juros, aumentando dessa forma, o montante disponível para efetuar os pagamentos.

Carla Matsue, em matéria para o Valor Investe, comenta que uma dúvida muito comum em relação ao IPTU e ao IPVA é sobre a condição de pagamento: é melhor à vista ou parcelado? Antes de ter essa resposta, é preciso saber em que situação financeira você se encontra: endividado, equilibrado financeiramente ou investidor.

Se for a primeira ou segunda opção, dificilmente conseguirá fazer o pagamento à vista, restando o caminho do parcelamento. “Deve-se evitar ao máximo recorrer a empréstimos, limites do cheque especial ou qualquer outra maneira de crédito do mercado financeiro, pois isso apenas se tornaria uma bola de neve, devido aos juros altíssimos cobrados”, ressalta Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (Abefin).

Caso a situação financeira esteja mais confortável, tendo uma reserva financeira, o presidente da Abefin recomenda que o pagamento seja feito à vista. Cada estado pratica o próprio desconto, mas, em média, o contribuinte obterá 3% de desconto no IPVA e 4% no IPTU. E ainda existem casos que podem chegar a 10%.

Domingos afirma que também é muito importante lembrar dos compromissos futuros, pois muitas pessoas se deixam levar pelo desconto e acabam esquecendo que haverá outras contas a serem pagas naquele mesmo mês ou nos próximos. Portanto fique atento: não adianta pagar à vista e conseguir desconto em uma despesa e não ter dinheiro suficiente para quitar as outras.

Segundo Matsue, como a maioria das pessoas não traça um planejamento anual, acaba começando um ano novo com dificuldades financeiras, já que no período há também outros gastos, como matrículas em escolas, material escolar e outras despesas. Caso queira estruturar melhor suas finanças, sugiro a leitura da obra que escrevi sobre o tema “Orçamento Familiar: felicidade e dinheiro podem ser da mesma família”.