Lembro-me com certa nostalgia quando na década de 1980 abria as primeiras páginas da lista telefônica e continha ali alguns números como os da Polícia, Dique Piada, dentre outros, e o Telegrama fonado; serviços úteis que na época eram novidades e ajudavam os usuários das companhias de telefonia fixa (obviamente nesta época não havia celular e telefone sem fio era um luxo!).

Aliás, quem tinha um telefone e de uma linha fixa naquela época era proprietário de um bem caro, que era inclusive lançado no IRPF e podia ser alugado. Fazer ou receber uma ligação era algo que causava surpresa, ansiedade e também algo prazeroso. Escolhi colocar no título o Telegrama Fonado, pois era algo que me chamava à atenção e curiosidade. Raramente ouvi alguém mandar uma mensagem, telegrama no caso, pelo telefone; mas era interessante pensar que poderia receber um comunicado desse jeito.

Com o tempo os telefones forem se popularizando, vieram as secretárias eletrônicas e os celulares na década de 1990 (outro artigo de difícil acesso, caro e de luxo no início e também pura ostentação) e nesta mesma década veio a internet que possibilitou o uso e acesso a vários meios de comunicação, programas e aplicativos até os dias de hoje. A partir dos anos 2000 vieram os serviços de mensagens nos celulares (os famosos torpedos e SMS) e depois os aplicativos de conversa instantânea como o Odigo, ICQ, Yahoo Messegener, MSN Messenger, dentre outros, usados mais nos computadores para mensagens de texto, e mais atualmente o Whatsapp que virou uma verdadeira febre e é o mais usado no Brasil, além de outras mídias e redes sociais como o Telegram (serviços de mensagens instantâneas que não obstante nos remete ao telegrama tradicional e ao fonado), Facebook, Instagram e etc. sendo aprimoramentos e inovações ao longo dos anos que objetivam suprir nossa necessidade de integração e comunicação, pelo menos de forma virtual. Ah, o “telegrama fonado” ainda é oferecido pelos correios, porém são feitos via internet, sendo mais modernos mantendo o mesmo propósito do original.

Com o uso dessas tecnologias, que foram ficando mais abundantes, disponíveis e acessíveis e que também fomos entendendo e aceitando mais naturalmente com o uso e popularização das mesmas, mandar um texto ou áudio e até mesmo fazer uma chamada de vídeo se tornou algo cada vez mais comum e que substitui em grande parte as ligações. Negócios, cursos, reuniões e viagens com amigos e família, conversas triviais, dentre outros, são diariamente realizados nestes meios que, inclusive, estreitam as distâncias e possibilita recebermos informações “em tempo real”.

Hoje sabemos se a pessoa “está online”, coisa que na época do telefone fixo era mais difícil, tínhamos que ficar tentando e deixar o telefone chamando para ver se alguém atendia, ou mesmo ficarmos esperando perto do aparelho para poder falar com a pessoa que ficou de ligar. Mandar arquivo, foto, vídeo era algo de ficção científica! Atualmente podemos falar com várias pessoas ao mesmo tempo.

É claro que tudo isso criou grandes impactos e temos um uso muito positivo desses meios em nossa rotina diária, em especial na nossa maneira de interagir e comunicar com pessoas e empresas, mas sempre tomando o cuidado para evitar problemas como o uso exagerado, golpes e outras atitudes e situações que possam nos prejudicar e constranger. Mas é inegável que aparelhos como os celulares, que fazem de tudo e também podem ser usados ainda para fazer ligações (risos) são como parte de nosso corpo e dificilmente conseguimos viver sem eles. Também temos contatos com programas robotizados que fazem atendimentos e nos ajuda a resolver problemas e a tomar decisões e esse tipo de tecnologia são cada vez mais comum e a inteligência artificial é uma realidade e trás enormes benefícios; mas será que são melhores e suprem toda a nossa necessidade de falar com “uma pessoa de verdade” dependendo do assunto? Pensemos.

Mas que esses aparatos eletrônicos que tantos nos fascina e ajuda não substitua o contato humano, as reuniões com a família e amigos e também os contatos pessoais, pois estabelecem ali, no face a face, no “tete a tete”como alguns dizem, uma relação de confiança e credibilidade em negociações, conversas profissionais e também em aprendizagem (como nas aulas presenciais, por exemplo), além de ser prazeroso ver pessoalmente amigos e familiares. Acredito que tenhamos percebido com a experiência que tivemos e ainda vivenciamos com a pandemia causada pela COVID 19, em especial durante os períodos de isolamento, onde usamos muitas dessas tecnologias, porém substituíram o contato físico ou os encontros presenciais em sua totalidade?

Essas ferramentas impactarão cada vez mais nosso dia-a-dia e as usaremos cada vez mais. Contudo somos seres sociais, temos nossos sentidos para, de fato, percebermos e sentirmos o ambiente e a presença de outras pessoas; por mais que sejam úteis essas tecnologias ainda demorarão para substituir o bom e velho contato humano, não é verdade?Fica a reflexão.

Demetrio Luiz Pedro Bom Junior

Contador e Administrador de Empresas

CRC SP-315480/O-1 / CRA SP 78891

1º Vice Presidente – AESCON

E-mail: demetriolpbjr@gmail.com